HERÓIS DAS MANHÃS DE DOMINGO

Nossa redação estava toda reunida em busca da "matéria perfeita" para a véspera do Estadual Especial. Vale lembrar que a competição será "em casa", portanto nosso nível de comprometimento é enorme. Iniciada a reunião começam a surgir as imagens, mas nada de espetacular aparece. Talvez ainda tomados pela adrenalina da noite da terça-feira não conseguimos construir AQUELA matéria.

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Pausa para o cafezinho, é hora de atualizar o e-mail e aparece a solução. Um e-mail salvador chega a nossa redação. Após uma consulta, conseguimos a autorização para a publicação da mensagem. O remetente inclusive escreveu: "Podes fazer os acréscimos que achar necessário também".

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Gostaria de informar que não fiz nenhum "acréscimo", simplesmente porque me faltou coragem para editar qualquer linha do texto. Acostumado que estou a criar os textos, confesso que me enchia de orgulho quando recebia os comentários dos web-leitores. Hoje é a minha vez de reverenciar o autor do texto. Reverenciar e agradecer. Reverenciar pela qualidade do texto e agradever por ter me salvo. Imaginem se o e-mail chega um dia após mais uma das minhas matérias comuns? Ô mensagem que chegou na hora certinha...

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E sem mais delongas, vamos ao texto, com a devida assinatura do autor ao seu final.

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HERÓIS DAS MANHÃS DE DOMINGO

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Ainda garoto, sem muito entender do que se passava em uma pista de corrida, acordava aos domingos em busca de uma vitória. Não sabia - ainda não sei - o que era correr, mas já sabia o sentimento que envolve o “vencer”. Domingos felizes aqueles que de uma forma ingênua, porém egoísta, me apoderava de uma vitória que não era minha, era de Airton. Nunca fui a um grande prêmio, tampouco incentivei de qualquer forma que fosse a esse guerreiro que empunhava a minha bandeira e de milhões a cada vitória. Mas ele me fazia um vencedor!
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Eu cresci, Airton se foi e com ele as vitórias de domingo. Mas já conseguia entender que não eram apenas as vitórias, era a luta, era a garra, era a paixão de acreditar que o impossível e o improvável poderiam ocorrer a qualquer instante bem diante dos meus olhos. Era essa afinal a mensagem de vitória dada a cada bandeira quadriculada: Não desista! Não importa quem, não importa como e não importa onde, o impossível existe até que você faça.
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Infelizmente, já não mais cresci, mas envelheci e assim percebi que no capitalismo em que vivemos o “Não importa Quem” depende de quem for seu chefe, o “Não importa como” depende do capital financeiro que você possui e o “Não importa onde” depende da empresa em que você trabalha. E pior, que o “impossível e o improvável bem diante de seus olhos” você pode assistir a cada apresentação do Cirque du Soleil.
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Porém há pouco tempo, não mais que um ano, voltei ao futebol de mesa, voltei ao convívio de pessoas as quais me viram crescer e que provavelmente virão envelhecer. E de uma maneira quase ingênua, a partir deste retorno reencontrei minhas manhãs de domingo. Meus Airtons não são mais Senna. Meu Airton já se chamou Paulo, Yago, Leandrinho, Nilmar, Brandão, Junior e por ai a fora. A bandeira já não é do Brasil e sim do Circulo Militar e a sensação é ainda melhor.

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Quase com a mesma ingenuidade - pois são esquecidas as dificuldades terrenas - e sem o mesmo egoísmo, me sinto um vitorioso cada vez que acordo para torcer domingo pela manhã. Nem sempre saímos vitoriosos, assim como eu e Airton Senna também não saíamos, porém a luta, a garra e a paixão são as mesmas.
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Esse final de semana trás consigo o Estadual Especial. Desta vez seremos 10 a entrar na pista, na nossa Interlagos. Assim como o Airton das pistas representamos a tantos outros que apenas esperam, assim como eu, poder acordar cedo para mais uma bela manhã de domingo.

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Abraço a todos.
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Rodrigo Bernardes

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Não deixem de acessar ao vídeo que acompanha o maravilhoso texto do Rodrigo.

link: http://www.youtube.com/watch?v=Vn1brzz3k_0&feature=related